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Monday, March 19, 2012

 

 

 

Flor da Patagonia


Tuesday, March 13, 2012

 

Inquerito

-       Sente-se.

-       ...

-       Você faz idéia de porque está aqui?

-       - Me explicaram

-       - E a gravidade da situação?

-       - Também

-       - E que você pode perder a guarda da menina.

-    ---Sim, mas...

-       -Você sabe que o dever de uma mãe é zelar pela segurança dos filhos e no entanto...

-  - -Eu não tinha idéia

-       -Voce poderia por favor me confirmar algumas afirmações que lhe são atribuídas?

-       - Sim, mas porque?

-       - Não lhe cabe questionar e sim colaborar! Talvez dessa forma não seja necessário tomar providencias Drásticas.

-       - Mas eu não cometi nenhum crime!

-       - Colocar um filho em risco de vida não é suficiente?

-       - Eu avisei a menina...

-       - Não é o que parece. Sejamos práticos.

-       -Sim.

-       -Eu só preciso que você confirme se na hora da saída você disse para a sua filha ir pelo caminho do rio.

-       -Sim, eu disse.

-       -E porque?

-       - Ora, todo mundo sabe.

-       - Tudo mundo sabe o que?

-       - Que o caminho da Floresta é mais longo e sombrio.

-       - E?

-       -E que pela manhã os caçadores haviam dito para nossos vizinhas que por ali andava um lobo mau devorando as criancinhas...

-       -aahh... Um lobo mau.

-       Sim, e eu avisei do perigo!

-       Ah, você avisou do perigo. E mesmo com essa ameaça você liberou a menina para ir até a casa da vovó! Num caminho que segundo a própria menina é longo e deserto!

-       -Mas eu insisti que ela fosse pela beira do rio!

-       -Ah claro, uma criança decidindo o caminho sozinha. A propósito, qual a idade da Chapeuzinho?

-       - Sete anos.

-       Tudo isso! Ora, ora, então você liberou a menina para uma longa jornada apesar da pouca idade e ainda por cima num caminho onde existia (ainda que vaga na sua opinião) possibilidade de encontrar um lobo mau.

-       -Cruz credo! Eu avisei ela, era  para ir direto a casa da vovozinha.

-       Calma! tenha calma, por favor. Então vamos fazer diferente, vamos abordar a coisa sob outro aspecto: de certo a menina ia atender uma urgência na casa da vovó.

-       -Não exatamente uma urgência, mas como a vovó mora sozinha eu pensei..

-       ...Pensou que valeria a pena expor uma criança a tremendo perigo para...

-       - visitar a avó...

-       - Com que propósito?

-       - Ver como estava, levar uns doces...

-       Levar uns doces! Você me diz que a menina ia atravessar uma floresta...

-       Não! Eu recomendei o caminho do rio!

-       Caminho do rio! Caminho do Rio! Mas nem esse era seguro! o próprio lobo apareceu por lá.

-       Eu não podia adivinhar... snif... por favor...

-       Talvez você estivesse chorando mais ainda se os caçadores não tivessem aparecido a tempo. O lobo pretendia colocar a pobre menina num tacho! Fervente! Por sua culpa também!

-       Oh não, por favor! Como poderia..

-       Poderia sim. Acaso era motivo expor a menina para levar doces, apenas míseros doces para a vovó! Isso vale uma vida? Acaso os caçadores não haviam dito que...

-       Por favor... Não basta o que eu sinto, só de imaginar.

-       Minha senhora, não é nossa intenção hostilizar, ferir ninguém. Ao contrario, nossa função é zelar para que os mais frágeis tenham proteção. Se os pais não tem condições, infelizmente...

-       Oh não, piedade...

-       Você devia ter pensado nisso antes. O depoimento da menina é claro, a estrada era longa, o caminho, deserto. E para completar era evidente que um lobo mau passeava ali por perto. A menina também pretendia voltar a tardinha. Você por acaso quer nos fazer crer que a tardinha constitui um horário razoável para que uma criança passeie onde existem animais ferozes?

-       ...

-        

 


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